Com dificuldades de obter as 257 assinaturas necessárias para protocolar o requerimento de urgência do projeto de anistia aos envolvidos na trama golpista, setores do PL de Jair Bolsonaro avaliam que o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), está sendo pressionado pelo presidente Lula e o Supremo Tribunal Federal (STF) a não pautar o assunto no plenário. Na leitura de integrantes da bancada e interlocutores da cúpula do partido, a viagem de Motta à Ásia ao lado do petista serviu para intensificar a ofensiva.
A preocupação com a virada de Motta levou Bolsonaro a se reunir com ele nesta quarta-feira (9) em Brasília.
O presidente da Câmara integrou a comitiva presidencial na semana passada e, no retorno ao Brasil, endureceu o tom sobre a anistia. Falando no dia seguinte à manifestação pela anistia convocada por Bolsonaro e o pastor Silas Malafaia na Avenida Paulista, em São Paulo, Motta foi taxativo ao dizer que não vai pautar o projeto porque ele “aumentaria a crise institucional” que o Brasil, na sua visão, “já vive”. Durante o protesto, Malafaia chamou Motta de “vergonha da Paraíba”. Já o líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), que lidera o recolhimento de assinaturas, ameaçou expor deputados que não aderirem ao requerimento de urgência, o que provocou desconforto no Centrão.
Não contem com esse presidente para agravar uma situação do país que já não é tão boa. Vamos enfrentar com cautela, com o pé no chão, mas com esses dois pontos, sensibilidade e responsabilidade, para que o Brasil possa sair mais forte”, disparou.
É um tom bem diferente do adotado pelo próprio Hugo Motta pouco após sua posse à frente da Câmara, no início de fevereiro. Na ocasião, o político paraibano chegou a declarar à rádio Arapuan FM, de João Pessoa (PB), que o 8 de janeiro não foi uma tentativa de golpe contra o presidente Lula.