Análise: Cruzeiro mostra diferentes faces, mas mantém DNA de Jardim e convence contra o Flamengo
Time dá boa resposta após tropeço diante do Vasco e, apesar do empate, leva situações positivas na tabela e no rendimento
Por Rádio Interativa 87,9 FM
Publicado em 03/10/2025 10:35
Esporte

Cruzeiro empatou sem gols com o Flamengo em uma noite que o placar não refletiu exatamente a boa resposta dada pelo time após a derrota diante do Vasco. Não conseguiu vencer para encostar no rival, mas teve atuação no nível que o levou a disputar a liderança do Brasileirão de forma surpreendente.

Não é que o resultado no Maracanã tenha sido injusto. Na verdade, a igualdade até refletiu o que foi o jogo, mas o empate mais honesto seria com gols. Ponto para Cássio, que se fez presente em ao menos dois lances cruciais, e menção muito necessária ao coletivo que produziu para fazer de Rossi um dos principais nomes do Flamengo.

Antes do jogo, Leonardo Jardim foi sucinto ao avaliar o que poderia esperar do Cruzeiro no Maracanã: "Vamos manter o nosso DNA". E não foi da boca para fora. O time mudou taticamente, mas seguiu com as características que marcaram a volta por cima ao longo da temporada. Competiu, marcou de perto, mas não abriu mão de jogar. Fez o jogo da forma que ele se apresentou e complicou para o Flamengo.

Os primeiros minutos foram de dificuldades do Cruzeiro para superar a pressão adversária sobre a saída de bola. Tentou transições, mas sem sucesso. Por outro lado, apesar de erros técnicos fazerem com que a posse rapidamente voltasse ao Flamengo, a Raposa praticamente não sofreu. As exceções foram cabeçadas de Lino e Arrascaeta, mas o time protegeu bem a frente da área e levou vantagem em embates pelo chão em qualquer faixa do campo.

Aos poucos, o Cruzeiro se ajustou para jogar com a bola nos pés e foi conduzido especialmente por duas peças: Matheus Henrique e Matheus Pereira. Às vezes com cadência, às vezes com condução e aceleração do jogo. Fizeram o time mais presente no ataque. Ponto para Jardim, que escolheu o meio-campista Matheus Henrique para o lugar do atacante Wanderson, mudando a formação e ganhando o setor central.

E foi com participação deles que o Cruzeiro terminou o primeiro tempo com a chance mais perigosa. Dobradinha dos meias, lançamento de Romero e cruzamento de Kaiki para Rossi salvar arremates de Kaio Jorge e Christian.

O segundo tempo foi menos truncado, com bons avanços de lado a lado. Cássio trabalhou em cabeçada de Lino e fez saída arrojada para salvar finalização de Gonzalo Plata. No ataque, Rossi defendeu finalizações de Kaio Jorge, Matheus Pereira e Matheus Henrique, além de Léo Pereira tirar na pequena área um cruzamento que fatalmente terminaria em gol de Christian.

E o que chamou atenção foi a forma como o Cruzeiro criou as chances. Marcado por transições verticais ao gol, mostrou, mais uma vez, que sabe jogar também com posse e triangulações. Incomodou o bom meio-campo flamenguista, mostrando qualidades coletivas e individuais.

A expulsão de William, que fez bom jogo, atrapalhou os planos do Cruzeiro para a reta final. O Flamengo tinha mais credenciais para tentar uma pressão e daria espaço para transições, mas a Raposa jogou por 16 minutos com um a menos. Gabigol e Sinisterra, por exemplo, tiveram funções apenas táticas.

O resultado, claro, não foi o melhor em relação à briga pelo título. O Cruzeiro perdeu posição para o Palmeiras, que tem dois jogos a menos, e não reduziu a desvantagem para o Flamengo, com um jogo atrasado a ser pago. Mas, por uma ótica positiva, ao menos não saiu da briga – o que aconteceria em caso de derrota. E, claro, pensando em vaga na Libertadores, não há o que ser debatido: ponto a ser valorizado.

Mas, mais do que o ponto na tabela de classificação, deve-se valorizar a atuação marcada pela maturidade e pela qualidade no Maracanã. O Cruzeiro não permitiu ao Flamengo ser dono absoluto da partida em nenhum momento. Mais um entre vários jogos que mostram a força da equipe de Leonardo Jardim.

 

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