Desde a semana passada, analistas e consultorias vinham estimando o que iria acontecer com o preço do iPhone com as tarifas do presidente americano. Em geral, apontavam que o aparelho poderia dobrar de preço no mercado americano. Caso fosse um dia produzido nos EUA, poderia ficar até três vezes mais caro. Em um recuo, Trump isentou aparelhos celulares do "tarifaço" na noite de sexta-feira. No domingo, porém, prometeu que celulares e computadores terão uma tarifa específica e que vai avaliar toda a cadeia de suprimentos eletrônicos.
Antes de chegar aos seus principais mercados, o aparelho que é o carro-chefe da Apple — no último trimestre de 2024, o iPhone respondeu por 55,6% do faturamento da companhia em vendas — ainda precisa ser montado em países como China e Índia. Brasil e Vietnã também produzem o aparelho, mas em menor escala.
O iPhone não tem sequer as câmeras, hoje capazes de filmarem até em 3D, produzidas integralmente por uma única empresa em um único país. A Sony, responsável pelos sensores, fornece os componentes da Apple a partir de cinco países (Japão, Taiwan, Tailândia, Coreia do Sul e Malásia). Já as lentes, que ajustam o foco e direcionam a luz até o sensor, são produzidas pela Largan Precision, de Taiwan, e pela Sunny Optical, da China.
Pode-se dizer que, nesse intricado sistema de produção globalizado (o terror de Donald Trump), os iPhones têm ao menos os vidros com a etiqueta “Made in U.S.A.", já que o componente é produzido pela americana Corning nos EUA. Ainda assim, a manufatura vai além dos muros do país — acontece também na China, Coreia do Sul e em Taiwan.
Produto que mudou a história da Apple e inaugurou a atual era dos smartphones, o iPhone é um filho da globalização. Em sua décima sexta geração, o celular é também um exemplo simbólico dos limites da guerra tarifária deflagrada por Trump — e de por que a ideia de uma manufatura americana pode ser distante da realidade.